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Carne suína: mercado em crise

Preço abaixo do de mercado preocupa criadores; produção integrada é opção

Gracieli Polak

CANOINHAS
Há cerca de cinco meses, o quilograma da carne suína rendia ao seu criador aproximadamente R$ 3. Hoje, o preço pago não chega aos R$ 2 e dá prejuízo para quem vende o animal “terminado”, pronto para o abate. Nos açougues e mercados, a variação é mínima.
 Em crise desde outubro do ano passado, o mercado da carne suína enfrenta uma sucessão de pequenos problemas que hoje preocupa, principalmente, os criadores que dependem da reação do mercado para voltar a lucrar – ou não amargar prejuízo. A situação é tão preocupante que, no mês passado, uma comissão de criadores realizou uma mobilização para que uma política de preços seja aplicada ao setor, para garantir a compra por um valor mínimo. De acordo com a Associação Brasileira dos Criadores de Suíno, o custo de um quilograma do animal terminado é de R$ 2,10, superior ao valor pago aos criadores, embora não haja redução no preço para o consumidor final.
No meio da crise que afeta o mercado, no entanto, alguns setores sobrevivem e sentem menos os humores do mercado, caso da Fricasa de Canoinhas, que investe na produção de derivados da carne suína.A perspectiva de crise, que chegou a assustar, hoje já levanta outras opiniões. De acordo com Antoninho Iagher, da Fricasa, embora haja retração no setor, o momento não é preocupante. “A crise mundial tem assustado, mas agora estamos mais otimistas, porque o mercado começa a reagir. Hoje a crise ainda preocupa porque há no Brasil excesso de produção. É muito produto para pouca gente, mas há alguns nichos que não sofrem tantas variações”, afirma.
Iagher explica que a média anual de consumo da carne suína no Brasil é 12 quilogramas por pessoa, média muito inferior ao dos países nórdicos, como a Dinamarca, onde a média é superior a 70 quilogramas anuais. A carne suína, mais consumida no mundo, no Brasil sofre um processo inverso de popularização e perde espaço na mesa, em larga escala, para a carne bovina e de frango. “Investir em cortes nobres, diferenciados, ou em embutidos faz com que o produto tenha um maior valor agregado e sinta menos as variações do mercado”, explica. Para os produtores do animal vivo, a solução é outra.
INTEGRAÇÃO
Para o criador Glicério Wagner, que administra uma granja no interior de Bela Vista do Toldo, o mercado de suínos só é uma alternativa interessante para o produtor que tem uma parceria bem estabelecida com a empresa abatedora. Segundo Wagner, houve perda nos lucros desde o período em que a crise foi deflagrada, mas o sistema em que seus animais são criados fez com que a diminuição no capital não fosse tão sentida. “Como eu crio leitões para que a Fricasa termine, eu não sinto muita diferença, mas, se estivesse vendendo o animal terminado, para o abate, com certeza já teria abandonado o negócio”, diz.
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